sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Arte moderna

Giulio Carlo Argan (1909-1992) foi um dos maiores pensadores da História da Arte em todos os tempos. Soube conciliar quase magicamente o ativismo político (elegeu-se prefeito de Roma em meados dos anos setenta e depois senador pelo antigo Partido Comunista Italiano) com a atividade acadêmica, tornando-se um desses ícones do ecletismo "renascentista" que já entraram em fase de extinção. Construiu obra extensa e profunda, com ênfase especial na arte italiana.
Ando mergulhado na sua gigantesca “Arte moderna”, um catatau de setecentas páginas, publicado originalmente em 1988. Esta edição, da Companhia das Letras, tem um acabamento que não se vê em outros lançamentos de semelhante importância – por exemplo, no clássico “De David a Delacroix”, de Walter Friedlaender, a Cosaic & Naify inseriu reproduções minúsculas, em preto e branco, e ainda esqueceu quadros analisados pelo autor. Aqui as reproduções são generosas, coloridas, em papel cuchê.
Como ocorre com os livros mais famosos de H. Wöfflin e E. H. Gombrich, o “Arte moderna” virou merecidamente um compêndio fundamental. Há “o Argan” como há “o Gombrich” e “o Wöfflin”, leituras obrigatórias que dispensam títulos.
O texto elegante, apaixonado e didático de Argan escapa do hermetismo secreto de muitos de seus seguidores e resulta num conjunto estupendo de aulas, compostas por uma introdução teórica e seguidas análises individualizadas ou comparativas de obras específicas. Depois dele, parece impossível entender a arte do século 20 sem estudar toda essa extensa genealogia de estilos que a originou, desde pelo menos os clássicos e pré-românticos do século 18. Li o livro na passagem de 1999 para 2000 e certamente voltarei a ele no futuro. É obra de uma vida inteira, nas várias acepções cabíveis.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Noblat recomendou, e gostei. esta pendurado no Varal.Boa sorte com este NOVO blog!

Abçs