quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os cúmplices de Wellington



É mais fácil culpar coisas inanimadas, doenças imprevisíveis, fatalidades misteriosas. Em vez de enfrentar a realidade escancarada pelo massacre do Realengo, a sociedade prefere esconder-se com a máscara do pacifismo amorfo. Prefere abominar o “monstro”. Ou, pior, prefere defender a volta do plebiscito sobre o desarmamento, reeditando uma farsa gigantesca inventada para dissimular o criminoso desinteresse das autoridades em de fato reduzir a posse ilegal de armas. Que, aliás, não tem nada a ver com o caso.

Será que ninguém parou para indagar por que Wellington de Oliveira decidiu realizar seu ataque justamente na escola? O que o distingue de milhares de jovens humilhados, espancados e perseguidos cotidianamente senão a coragem (e, sim, a lucidez) para realizar aquilo que os outros apenas planejam por toda a vida? Ele não era uma vítima inocente, não merece nosso indulto, sequer nossa comiseração. Mas é razoável lembrar que os professores, funcionários, parentes e alunos que toleraram as violências sofridas por Wellington durante anos foram, em alguma medida, cúmplices de uma tragédia que poderia ter sido evitada.

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