A seleção feminina de handebol da Noruega perdeu
de propósito na primeira fase para pegar o Brasil, supostamente mais fraco, na
quarta-de-final. Eliminou-o da competição. A seleção espanhola de basquete masculino
permitiu a vitória brasileira para evitar os EUA na semi. O Brasil não terá
chance de ficar com a medalha de prata.
Há vários exemplos semelhantes em Londres. Os
entendidos nas modalidades garantem que os respectivos jogos deixam poucas
dúvidas, mas de fato é impossível provar a má-fé. Sem a confissão de um técnico
(forçada pelas circunstâncias inverossímeis), as chinesas, sul-coreanas e
indonésias do badminton jamais seriam punidas por combinar resultados. Atletas
de primeiro nível conseguem forjar o teatro que quiserem, sob aplausos da
maioria leiga.
Tudo isso faz parte do regulamento, jogo jogado,
azar dos ingênuos, certo? Certo?
Questão pedregosa. Ninguém é obrigado a dar o
máximo de si, especialmente quando inexistem motivos para o sacrifício. Mas o
prejuízo de outras partes envolvidas é óbvio demais para o método passar
incólume: competidores são impedidos de atingir melhores colocações (e talvez
de ganhar medalhas) por causa de uma estratégia que é a própria negação da
excelência técnica.
Um toque de sensatez nos futuros regulamentos
olímpicos resolverá o problema. Por enquanto, os episódios ajudam a refletir
sobre os padrões culturais que tomamos como exemplo.
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