quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Animais














A questão do testes em laboratório com seres vivos é espinhosa. Alguns procedimentos parecem mesmo cruéis e desnecessários. Mas não podemos esquecer que se trata de um debate científico, e que os dilemas éticos estão sempre a um passo do fanatismo.

O simples fato de a discussão envolver líderes religiosos, artistas, celebridades e deputados que fazem campanha eleitoral recorrendo aos “pobres animaizinhos” já demonstra que existe muita neblina esotérica nesse ambiente. A ignorância é uma benção, dizem, mas também pode ser uma opção pragmática: ficaríamos chocados com os métodos produtivos de uma boa maioria dos insumos de uso cotidiano. Mas jamais deixaríamos de medicar nossos filhos, por mais sofrimento que a fabricação do remédio tenha causado a uns bichos anônimos.

Existe um freqüente lapso entre a propaganda civilizada pelo tratamento “humano” a certos mamíferos e o desrespeito irracional contra bípedes implumes e falantes, com polegares opositores e todas as características antropoformes que a lei diz merecerem no mínimo a mesma solidariedade. Os amantes de beagles demonstrariam a solidez de sua causa se também vestissem máscaras para arrombar um desses campos de concentração que seus tributos sustentam em qualquer cidade do país.

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