O desespero midiático para fazer de Marina Silva a
sucessora da “terceira via” eleitoral subestima as dificuldades da tarefa.
Assumir o vácuo deixado pela morte de Eduardo Campos não será fenômeno tão
natural como pretendem os oposicionistas. Menos ainda a transformação do luto em combustível para uma arrancada rumo ao segundo turno.
Campos aglutinava as facções tucanas e governistas
do PSB, ambas com líderes resistentes à ex-senadora. Sem elos históricos ou
orgânicos na militância regional, Marina amargará a falta de comprometimento dos
candidatos pessebistas em colégios eleitorais importantes, como o Rio de
Janeiro e São Paulo.
Para ultrapassar Aécio Neves, Marina precisa triplicar
as preferências declaradas na sua chapa atual. Mas não pode roubar eleitores do
tucano, pois a transferência ajudaria a vitória de Dilma Rousseff no primeiro
turno. Isso equivale a conquistar os indecisos e a pequena parcela dos votos inconvictos
declarados à petista, em só quarenta dias de propaganda eletrônica, com menos
de um quinto do tempo utilizado pela presidenta.
A coroação como salvadora do oposicionismo é incômoda para Marina. Quanto mais sua candidatura se mostra viável, maior a
migração do voto antipetista concentrado em Aécio (o eleitorado de ambos
tem perfil muito parecido, aliás). O movimento, além de preservar o quadro
atual, favorável a Dilma, ideologiza excessivamente a imagem pública de Marina,
indispondo-a com a juventude cética e desejosa de novidades. Se confrontar o
tucano, ela mergulhará numa desgastante briga paralela com o PSDB.
Resumindo, mesmo que Marina viabilize o segundo
turno, sua continuidade na disputa ainda parece incerta, senão improvável. Caso
não supere Aécio, ela prejudicará as chances da oposição e será responsabilizada
por isso.
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