segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Acertos na estratégia dilmista














A insistência midiática no mito da baixaria petista oculta os enormes sucessos estratégicos da campanha de Dilma Rousseff. Diante das circunstâncias e do resultado alcançado, o caso logo virará matéria de estudo acadêmico e modelo para cópias menores. Sem a pretensão de esgotar o tema, nem de fingir conhecê-lo, aponto alguns dos acertos que me parecem mais relevantes.

- Criar duas esferas de comunicação autônomas, com equipes lideradas por profundos conhecedores de cada área: João Santana (publicidade tradicional) e Franklin Martins (internet). A medida garantiu dinamismo e flexibilidade aos trabalhos.

- Apostar forte na importância das pesquisas quantitativas e qualitativas para referenciar os discursos ao longo da disputa. O nível de precisão das respostas dilmistas ressalta o amadorismo da equipe de Marina Silva e os equívocos dos articuladores tucanos.

- Assumir a pauta da sucessão, forçando respostas imediatas e conduzindo os debates midiáticos. Atacar antes de reagir. Forçar comparações. Não permitir que enunciados fortes (mudança, corrupção, etc) fossem apropriados pelos adversários.

- Fornecer conteúdo permanente para que a militância relativizasse as pesquisas, aglutinasse esforços, fomentasse o voto útil e mantivesse o clima belicoso nas redes sociais. Isso impediu que o antipetismo transformasse mentiras em consensos, nos momentos mais importantes da disputa.

- Escolher Aécio Neves como adversário no segundo turno. Evidente desde o início da campanha, a opção foi decisiva. Os coordenadores petistas levaram para a polarização final o maior antagonista do governo, provocando o acirramento do embate ideológico entre ambos. Aécio foi obrigado a guinar à extrema direita, contaminando-se com o que ela tem de mais impopular.

Um pouco de reflexão acerca desses tópicos ajudaria a entender o triunfo reeleitoral para além de ressentimentos e achismos. Não que os analistas midiáticos ignorem a complexidade das questões. Eles apenas fingem que são bobos para não admitirem que existe gente mais capacitada no meio.       

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