A insistência midiática no mito da baixaria petista oculta os enormes sucessos estratégicos da campanha de Dilma Rousseff. Diante
das circunstâncias e do resultado alcançado, o caso logo virará matéria de
estudo acadêmico e modelo para cópias menores. Sem a pretensão de esgotar o
tema, nem de fingir conhecê-lo, aponto alguns dos acertos que me parecem mais
relevantes.
- Criar duas esferas de comunicação autônomas, com
equipes lideradas por profundos conhecedores de cada área: João Santana
(publicidade tradicional) e Franklin Martins (internet). A medida garantiu
dinamismo e flexibilidade aos trabalhos.
- Apostar forte na importância das pesquisas
quantitativas e qualitativas para referenciar os discursos ao longo da disputa.
O nível de precisão das respostas dilmistas ressalta o amadorismo da equipe de Marina Silva e os equívocos dos articuladores tucanos.
- Assumir a pauta da sucessão, forçando respostas
imediatas e conduzindo os debates midiáticos. Atacar antes de reagir. Forçar comparações.
Não permitir que enunciados fortes (mudança, corrupção, etc) fossem apropriados
pelos adversários.
- Fornecer conteúdo permanente para que a militância
relativizasse as pesquisas, aglutinasse esforços, fomentasse o voto útil e mantivesse
o clima belicoso nas redes sociais. Isso impediu que o antipetismo transformasse
mentiras em consensos, nos momentos mais importantes da disputa.
- Escolher Aécio Neves como adversário no segundo
turno. Evidente desde o início da campanha, a opção foi decisiva. Os coordenadores
petistas levaram para a polarização final o maior antagonista do governo,
provocando o acirramento do embate ideológico entre ambos. Aécio foi obrigado a
guinar à extrema direita, contaminando-se com o que ela tem de mais impopular.
Um pouco de reflexão acerca desses tópicos
ajudaria a entender o triunfo reeleitoral para além de ressentimentos e
achismos. Não que os analistas midiáticos ignorem a complexidade das questões.
Eles apenas fingem que são bobos para não admitirem que existe gente mais
capacitada no meio.
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