Uma proposta central oportuna, que busca discutir
o papel da arte nos movimentos transformadores da sociedade contemporânea. O conjunto
é múltiplo e desigual, como de hábito, nem sempre afinado com a premissa, ou
capaz de levá-la para além das superfícies panfletárias. Mas há um
surpreendente sentido de coesão no resultado, que logra deixar a experiência
fluída e provocativa.
Resta saber se o predomínio do “texto”
(narrativas, testemunhos, digressões, etc) ajuda a configurar uma estética
historicamente demarcada, ou se é uma estratégia que utiliza o suporte
artístico apenas como veículo de transmissão de enunciados. Parece que o
esforço intelectualizante dos trabalhos empurra sua dimensão formal para um lugar
secundário.
Também é curioso notar o extensivo recurso à
figuração para tratar de “coisas que não existem”. Com poucas exceções, parece
que a fantasia está sempre ancorada em alguma forma de representação, levando a
inevitáveis referências ao surrealismo, ao expressionismo, à pop art.
Sintomaticamente, o vídeo se oferece melhor ao
ímpeto contestatório, com especial destaque para “Não é sobre sapatos”, de Gabriel
Mascaro e “Os excluídos. Em um momento de perigo”, do coletivo
Chto Delat (vale a pena assistir na
íntegra, desde o começo). Entre os objetos, destacam-se Edward Krasiński e Michael Kessus Gedalyovich.
Na bidimensionalidade, o divertido “Mapa” de Qiu Zhijie,
“Deus é Bicha”, de Nahum Zenil, Ocaña, Sergio Zevallos e Yeguas del Apocalipsis e os painéis “Sem Título”, de Éder Oliveira.
Sobre outras Bienais:
“O vazio”
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