quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A 31ª Bienal























Uma proposta central oportuna, que busca discutir o papel da arte nos movimentos transformadores da sociedade contemporânea. O conjunto é múltiplo e desigual, como de hábito, nem sempre afinado com a premissa, ou capaz de levá-la para além das superfícies panfletárias. Mas há um surpreendente sentido de coesão no resultado, que logra deixar a experiência fluída e provocativa.

Resta saber se o predomínio do “texto” (narrativas, testemunhos, digressões, etc) ajuda a configurar uma estética historicamente demarcada, ou se é uma estratégia que utiliza o suporte artístico apenas como veículo de transmissão de enunciados. Parece que o esforço intelectualizante dos trabalhos empurra sua dimensão formal para um lugar secundário.
           
Também é curioso notar o extensivo recurso à figuração para tratar de “coisas que não existem”. Com poucas exceções, parece que a fantasia está sempre ancorada em alguma forma de representação, levando a inevitáveis referências ao surrealismo, ao expressionismo, à pop art.

Sintomaticamente, o vídeo se oferece melhor ao ímpeto contestatório, com especial destaque para “Não é sobre sapatos”, de Gabriel Mascaro e “Os excluídos. Em um momento de perigo”, do coletivo Chto Delat (vale a pena assistir na íntegra, desde o começo). Entre os objetos, destacam-se Edward Krasiński e Michael Kessus Gedalyovich. Na bidimensionalidade, o divertido “Mapa” de Qiu Zhijie, “Deus é Bicha”, de Nahum Zenil, Ocaña, Sergio Zevallos e Yeguas del Apocalipsis e os painéis “Sem Título”, de Éder Oliveira.

Sobre outras Bienais:
O vazio

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