Grande ideia de Richard Linklater, cineasta sempre
interessante. A passagem do tempo transcorre com uma estranha homogeneidade
narrativa, que evidencia a própria solidez do diretor ao longo dos anos. A
transição sutil entre as épocas evita os cortes de uma estrutura episódica
tradicional, mas não despreza as referências contextuais que ajudam a construir
um painel histórico e cultural dos EUA.
O respaldo crítico e a consagração dos prêmios provocaram
diversas ressalvas aceitáveis, como a da falta de arco dramático do roteiro. Mas
as objeções quanto à simplicidade dos personagens soam exageradas. Num
tratamento que se propõe realista, podemos esperar que as coisas da vida possuam
“sentidos” claros e tranquilizadores?
De qualquer forma, é experiência invulgar, de uma
delicadeza quase melancólica, exatamente porque limpa de verborragias
metafísicas.
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