Um advogado amigo de FHC encomendou parecer ao
jurista Ives Gandra Martins sobre a possibilidade da corrupção na Petrobrás
embasar um pedido de afastamento de Dilma Rousseff. A resposta, obviamente, foi
positiva.
Esse tipo de consulta custa caro e, também por
isso, demanda predisposição da parte interessada em agir de acordo com o
veredito. Mesmo na hipótese provável de Martins ter deixado de cobrar o alto
valor habitual, sua manifestação tem um peso que praticamente força a
iniciativa dos interessados.
E aqui o arranjo complica. Primeiro porque o nobre
consultor está errado na sua interpretação da lei. Segundo, e mais grave,
porque o parecer foi publicado na Folha de São Paulo, com destaque na primeira
página.
Uma celebridade do campo jurídico empenha sua
vasta reputação avalizando um anseio golpista. E a mídia, em plena crise de
credibilidade, abraça um juízo discutível para aglutinar apoio à causa de um
partido minoritário no Congresso. Dando aos adversários tempo e oportunidade
para se reorganizarem em torno de uma pauta poderosa.
Quem correria tanto risco apenas para alimentar as
próximas pesquisas de opinião? Gente
desesperada, talvez?
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