segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O estranho factóide do impeachment


















Um advogado amigo de FHC encomendou parecer ao jurista Ives Gandra Martins sobre a possibilidade da corrupção na Petrobrás embasar um pedido de afastamento de Dilma Rousseff. A resposta, obviamente, foi positiva.

Esse tipo de consulta custa caro e, também por isso, demanda predisposição da parte interessada em agir de acordo com o veredito. Mesmo na hipótese provável de Martins ter deixado de cobrar o alto valor habitual, sua manifestação tem um peso que praticamente força a iniciativa dos interessados.

E aqui o arranjo complica. Primeiro porque o nobre consultor está errado na sua interpretação da lei. Segundo, e mais grave, porque o parecer foi publicado na Folha de São Paulo, com destaque na primeira página.

Uma celebridade do campo jurídico empenha sua vasta reputação avalizando um anseio golpista. E a mídia, em plena crise de credibilidade, abraça um juízo discutível para aglutinar apoio à causa de um partido minoritário no Congresso. Dando aos adversários tempo e oportunidade para se reorganizarem em torno de uma pauta poderosa.

Quem correria tanto risco apenas para alimentar as próximas pesquisas de opinião?  Gente desesperada, talvez?

Nenhum comentário: