A fotografia em preto e branco é uma lição de
narrativa visual. A composição dos quadros se altera segundo o arco emocional
da protagonista, partindo de tomadas com grandes espaços sobre as figuras e
chegando a planos fechados nos rostos e corpos.
A monocromia e a janela quadrangular (1,37:1)
sugerem algo de “clássico” no tratamento, mas as referências terminam soando
modernas e inventivas. Uma seria a plasticidade do cinema soviético do período
retratado (década de 1960), especialmente nas lindas imagens de Marlen Khutsiev
e demais autores de linhagem eisensteiniana. Outra leva aos primeiros trabalhos
de Wim Wenders, marcados pelo rigor formal e pelo viés metalinguístico.
Agata Trzebuchowska brilha no papel-título,
contida e expressiva ao mesmo tempo. A aridez do subtexto histórico (o nazismo)
não afunda o filme no melodrama porque é abordada com sutileza e equilibrada
pelo rito de passagem da protagonista.
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