Tenho visto mais produções recentes do que consigo
abordar aqui. Evito falar de obras desinteressantes, mas há algumas que merecem
pelo menos a sugestão da visita.
À procura de Sugarman incorpora, na linguagem
documental, um arco narrativo típico da ficção. O efeito é intrigante,
valorizado pelo protagonista simpático. Notável como o domínio da linguagem
suplanta as condições precárias de realização.
Citizenfour, também premiado com o Oscar, possui
importância política evidente. Sua força reside noutro elemento caro ao gênero,
o oportunismo do flagrante histórico. Mas há algo de acaciano nas denúncias e
de ingênuo na estupefação dos personagens.
Sr. Turner é belo poema visual de Mike Leigh,
grande diretor de atores. A fotografia primorosa reproduz as luzes e cores do
mestre inglês do século XIX, com referências deslumbrantes a outros pintores
românticos, especialmente os paisagistas.
Grandes Olhos reúne Tim Burton, Amy Adams e
Christoph Waltz, nomes que sempre merecem alguma atenção. Fiel à linha
biográfica sobre pintura, a plasticidade sobressai a ponto de suplantar os
pequenos deslizes de andamento. E essa história precisava ser contada algum
dia.
As imagens em preto e branco de O ciúme foram
muito elogiadas, com razão. Também gostei do filme pela despretensão do enredo
amoroso e familiar. E pelo roteiro fragmentário, episódico, limpo dos recursos
empáticos próprios do estilo.
Meu apreço por Era uma vez em Nova York vem do
diretor, James Gray, que admiro desde o início da carreira. Marion Cotillard e
Joaquin Phoenix completam o pacote com a força de sempre. Pesado e triste,
visualmente impecável, é um dos melhores filmes hollywoodianos de 2013-14.
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