Um debate razoável em torno do ajuste econômico do
governo precisa levar em conta as alternativas possíveis nestas circunstâncias políticas. Não adianta demonizar as medidas como se Dilma Rousseff tivesse um
leque de possibilidades a seu dispor.
É ingenuidade, por exemplo, imaginar que o projeto
passaria no Congresso caso incluísse a taxação de grandes fortunas. A única
chance de a ideia vingar será apresentá-la de maneira isolada, aumentando a
pressão social sobre os parlamentares. Mesmo assim, com esse Legislativo, serve
apenas para o Planalto dizer que tentou.
As análises acerca da Medida Provisória se
esquivam de abordá-la tecnicamente, apontando vias diversas e eficazes que
atinjam o mesmo resultado e que sejam viáveis no conservadorismo hegemônico do
Congresso. Não digo que essas alternativas inexistem, mas que elas não têm sido
apresentadas.
Sem o mínimo de espírito pragmático, o ramerrão
dos “direitos dos trabalhadores” é demagogia. Também as previsões catastróficas
de certos especialistas, que generalizam e simplificam para não enfrentarem a
questão com a seriedade necessária.
Uma imprensa digna, à esquerda e à direita,
pressionaria líderes partidários, sindicais, empresariais e acadêmicos a se
posicionarem clara, detalhada e objetivamente sobre a austeridade fiscal. Comparando
as soluções, esclarecendo as discordâncias e, acima de tudo, cobrando realismo
político.
O resto é jogo retórico para agradar às plateias
de cada facção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário