Os processos de Guido Mantega contra o imbecil que
o insultou e de Lula contra a revista Veja indicam uma reviravolta no
comportamento dos petistas. Antes tarde do que nunca, mas todos precisam ser
cobrados pelo silêncio anterior.
Os governos federais do PT foram marcados por uma exasperante pusilanimidade perante os abusos dos adversários, em especial a
mídia corporativa. É razoável afirmar que essa tolerância incentivou a escalada
selvagem da direita, ao menos quanto à presunção de impunidade.
Não alimento ilusões no equilíbrio do Judiciário,
especialmente nas instâncias superiores, túmulos inevitáveis de qualquer ação
contra mentirosos e agressores oposicionistas. Mas, se o pedido reparatório tem
pouca serventia pragmática, sua função pedagógica é inegável.
Tivessem agido nos primeiros ataques maliciosos,
os petistas conteriam a naturalização da hidrofobia reacionária. Talvez hoje
contassem com uma ou duas vitórias simbólicas que evitassem os crimes eleitorais de Veja e os vazamentos seletivos da Lava Jato.
Há uma grande confusão entre passividade e o tal
“espírito republicano” defendido por alguns petistas. Republicanismo é exigir proteção legal contra a calúnia, a difamação, a injúria, a agressão. É cobrar
das instituições um comportamento digno de suas prerrogativas no estado de
Direito.
Mas não devemos reduzir todas as agressões da
direita a uma simples culminância da inação das vítimas. O atentado ao
Instituto Lula, por exemplo: na conjuntura atual, ele pode ter sido motivado
exatamente pelo início de reação petista, que inclui as ações judiciais, o
apoio dos governadores a Dilma, as manifestações antigolpe, etc.
A violência também é uma resposta desesperada à
recuperação da dignidade do campo governista. Isso torna evidente que os tempos
de masoquismo cívico do PT ficaram num passado irrecuperável. A não ser, claro,
que a barbárie prevaleça.
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