sexta-feira, 18 de março de 2016

O golpe em curso



Vivemos a culminância do projeto golpista. Os adversários de Lula partiram para o ataque definitivo, com um desespero que ultrapassou o limite da insânia arbitrária.

Sérgio Moro e a Polícia Federal atropelaram as últimas fronteiras da legalidade. A mídia corporativa usa os mesmos subterfúgios de seu apoio ao golpe de 1964 para legitimar a escandalosa ilicitude do grampo e do vazamento. O Congresso prepara a farsa do impeachment sob comando de Eduardo Cunha. Milícias organizadas atacam governistas, com auxílio da Polícia Militar.

Agora só existem duas maneiras de sustar o golpe.

A primeira são as manifestações públicas do antigolpismo. Principalmente nesta sexta-feira (18/3), mas também nos atos setorizados e nos comícios das semanas vindouras. Não se trata de mostrar força resistente, mas de construir gestos simbólicos que rompam a narrativa da unanimidade em torno do assalto ao poder federal.

A segunda, mais decisiva, é constranger a cúpula do Judiciário a se posicionar acerca da arapongagem de Moro e da posse de Lula no ministério. Mesmo com o antipetismo vigente, resta uma chance de as cortes escolherem o caminho legalista, pelo menos para se afastarem do tenebroso legado histórico que a opção inversa acarretaria.

Ambas as iniciativas são complementares. Apenas a rejeição pública ao golpe levará o campo jurídico a incorporar um espírito republicano à altura da gravidade da situação. Ao mesmo tempo, só os tribunais ainda possuem o aval público necessário para conter o ânimo antidemocrático de instituições tão poderosas.

Não será fácil, mas é crucial agir antes que se torne impossível.

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