É absurda a ideia de que entre os governos Dilma Rousseff e Michel Temer há pouca diferença programática. Basta observar o que os golpistas fizeram com as áreas sociais, culturais e diplomáticas do ministério para se ter noção do retrocesso em andamento.
Mas há um diferencial ainda mais evidente: o PSDB.
José Serra, Fernando Henrique, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, todas as
lideranças do partido foram agraciadas com cargos nos vários escalões da
máquina. Desde 2002 não ocorria algo parecido.
Supondo inevitável que o PMDB e os partidos
nanicos aderissem a qualquer vitorioso em 2014, o que temos é uma versão próxima
de um eventual governo Aécio. O golpe inverteu o resultado das eleições. Sem
eleições.
Aí percebemos por que é falacioso afirmar que o
voto em Dilma dá legitimidade aos atos do seu vice. Temer não apenas traiu o projeto administrativo que o elegeu, mas também abraçou um partido adversário na
disputa, rejeitado pelas urnas.
Por mais que Dilma tenha recuado em suas
plataformas, manter peessedebistas fora do Planalto representou uma fidelidade
mínima a compromissos de campanha. Esse detalhe estava claro na polarização do
segundo turno e, como vemos, tinha enorme importância para os rumos da gestão
federal.
No empoderamento do PSDB revela-se a essência antidemocrática do impeachment. A entrega de postos estratégicos ao partido
viola princípios básicos de representatividade, impondo ao país uma agenda que
ele não debateu e muito menos aprovou.
A guinada tucana explica a sanha vergonhosa com que
os golpistas tomaram de assalto o poder interino. A consumação rápida e
implacável da hegemonia do PSDB é uma forma de nocautear a sociedade brasileira
antes que ela perceba o tamanho do prejuízo.
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