As gravações de Sérgio Machado enterram de vez o
imaginário honroso e republicano do impeachment. Elas fornecem o retrato
perfeito do combate à corrupção que mobiliza o antipetismo e da imoralidade que
acompanha o processo golpista.
Chega a ser divertida a quantidade de flagrantes
insinuando negociatas escusas junto ao STF. Como pode haver tantas pessoas, até
de facções opostas, com a mesma pretensão? Nesse ritmo, os anais da Lava Jato correm
o risco de reunir mais citações constrangedoras à corte do que ao próprio Lula...
O episódio não ameniza o viés tendencioso do
procurador-geral Rodrigo Janot. Pelo contrário. Ele precisa explicar, no
mínimo, por que escondeu até agora a gravação de Romero Jucá, feita em março. Que
outras informações continuam guardadas para não prejudicar o avanço do
impeachment?
Por outro lado, é necessário muito ceticismo
diante das conversas. Se tucanos e líderes do governo interino tivessem motivos
para recear a Lava Jato, não haveria impeachment em primeiro lugar. Talvez sequer
a Lava Jato. As interpelações de Machado têm algo de teatral, que dificilmente
passou despercebido pelos veteranos interlocutores.
O vazamento não ocorre por acaso, ou num ímpeto qualquer
de transparência. O resgate da imagem dos investigadores e o fortalecimento de
certas alas peessedebistas da gestão Michel Temer elucidam os interesses
envolvidos. Os métodos utilizados também, inclusive na cobertura midiática.
Supondo tratar-se de um conluio entre o PSDB
serrista e os procuradores, o sacrifício de Aécio Neves parece tão inevitável
quanto uma cartada final contra Lula. Aécio é o bode expiatório perfeito para
salvar as aparências imparciais da caça ao petista. Que sempre foi, e continua
sendo, o grande objetivo desse espetáculo justiceiro.
Um comentário:
Manobram para provocar eleições indiretas no próximo ano: Serra.
Postar um comentário