quarta-feira, 28 de março de 2012

Islã puro



De onde vem essa fixação geral com o veto às bebidas alcoólicas? Horror a certos avanços nas liberdades individuais? Necessidade de afagar o (e)leitorado conservador? Ignorância?

Note-se que a mania não obedece a colorações partidárias, nível de escolaridade ou preferência religiosa. Basta uma brecha nos debates jornalísticos e o assunto retorna à pauta através dos interlocutores mais diversos, como se tivesse gigantesca relevância nacional.

Ora, todos sabem que não faz qualquer diferença para a segurança pública ou para a saúde coletiva se o torcedor bebe no boteco, na calçada ou dentro do estádio, se o pai enche a cara diante dos filhos na sala de casa, na festa do cunhado ou no shopping, se as gostosas da propaganda seduzem os jovens através da TV, dos outdoors ou da internet. Todos sabem, afinal, que as Leis Secas fracassam inexoravelmente, onde quer que sejam implantadas.

No entanto sobram defensores da ridícula proibição de cerveja nos jogos de futebol (da Copa ou fora dela) e agora, cúmulo dos cúmulos autoritários, também nas praias e outros espaços públicos. Como se a dissimulação do hábito ou do vício pudesse reduzir os prejuízos por eles causados. Como se um saco de papel, um rótulo falso ou uma corridinha ao banheiro fossem diminuir o número de dependentes, as mortes no trânsito, a violência doméstica. É um grande absurdo, mas não aparece uma única alma sensata para combater essas aberrações intelectuais com o necessário rigor.

Puderam criminalizar os fumantes, não puderam? Então. Deu nisso.

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