sexta-feira, 15 de junho de 2012

Morreu Carlão


Matutando sobre o passamento de Carlos Reichembach, lembrei a cena de abertura de “A ilha dos prazeres proibidos” (1979). A trilha sonora é “Breathe”, do Pink Floyd, o atmosférico início do álbum “The dark side of the moon”. Sempre tive admiração particular por esse gesto audacioso, meio pirata e contracultural, como o filme em questão e, aliás, como o próprio cineasta.

Minha atração pelo cinema, quando limpa de glamour e projetos impossíveis, recebe da figura de Carlão um grande incentivo pessoal. A cinefilia desbragada e eclética, sem vergonha de unir os mais apelativos filmes sanguinolentos à delicadeza minimalista de um Valerio Zurlini. A origem na Boca do Lixo, de onde nasceu a busca pela realização de um cinema popular nos muitos sentidos da palavra. O conhecimento artesanal de todas as etapas do processo fílmico. A dedicação estóica e apaixonada à missão ingrata de construir uma obra simples, idônea, poética, autoral.

Restam seus filmes, suas reflexões e seu exemplo.

2 comentários:

Djalma disse...

Que o cineasta descanse em paz. ? "Garotas do ABC" é um lindo filme."Alma Corsária", por sua vez, me fez conhecer Cesário Verde e Augusto dos Anjos por um meio diferente, que foi o do cinema.
Nosso cinema amanhecerá de luto, este final de semana. Triste ressaca...

André Setaro disse...

Bela reflexão sobre o desaparecimento do grande Comodoro.