Falta uma infelicidade qualquer para que algum desses atos públicos nas capitais se transforme em tragédia. Alguém tropeça, puxando outros consigo, durante uma correria. Um bate-boca leva ao pugilato e a trocas de facadas ou garrafadas. Um bandido infiltrado, civil ou militar, aproveita qualquer tumulto para dar um tiro na direção da turba. Um tijolo despenca do décimo andar de um prédio. Uma bomba explode no lugar errado.
E assim, de repente, surge o primeiro cadáver dos
protestos.
O simples fato de tudo estar tão sujeito ao acaso e
à boa-vontade das gentes já é sintoma de perigosa fragilidade. Se considerarmos
o caos probabilístico gerado por um fenômeno em que dezenas de milhares de
pessoas se espremem pelas ruas da metrópole, concluímos que os anjos das passeatas
vêm trabalhando como nunca. É quase absurdo que não tenha ocorrido alguma
ocorrência fatal, especialmente porque as chances se multiplicam na repetição
diária dos atos.
3 comentários:
Vi teu comentário no blog do Nassif.
Também concordo que falta coordenação e que isso se deve a uma opção que o movimento fez pelo quantitativo, a despeito do qualitativo. Tenho colocado isso lá nos fóruns, mas tb no meu blog.
Mas mesmo lá no blog tem havido um certo deslumbramento misturado com uma suposta isenção jornalística (que serve para conquistar audiência). Enfim.
E o que você sugere? Que o brasileiro continue com a bunda na cadeira, perdendo o bonde da história? Tragédias e fatalidades acontecem diariamente por todo o país, meu caro. A diferença é a indiferença...
Essa indignação repentina de quem até ontem se dizia envergonhado de ser brasileiro não me desce. Está mais pra uma versão nacional do Cansei.
Postar um comentário