quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Os brioches de Dilma
















É fácil imaginar a indignação desses jornalistas-de-crachá (“você sabe com quem está falando?”) que foram ludibriados pela escala portuguesa da presidenta e ficaram que nem cachorro bobo, procurando a bola que ninguém lhes jogou. Paparazzi de luxo, talvez ainda mais cínicos do que os originais, foram impedidos de fabricar suas croniquetas sobre o jantar da mandatária e saíram esbravejando direitos fofoqueiros.

Ao contrário de outros detalhes convenientemente resguardados nos armários pessoais, os hábitos gastronômicos de Dilma, desde que pagos com seu salário, são irrelevantes. Ela não se elegeu prometendo comer rapadura e farinha. A simplicidade que se associa ao santo papa e a alguns governantes franciscanos possui muito de uma propaganda romântica que dissemina ignorância acerca do mundo real do poder e incentiva a visão provinciana de que um líder popular deve chupar ossos de galinha frita.

A turma da fofoca esbraveja porque sabe, por profissão, o apelo que a vida privada tem sobre o imaginário do público. Bem trabalhados, o refinamento e o conforto de Dilma colam rótulos antipáticos adequados à sua imagem, assim como os churrascos e a pinguinha de Lula pareciam melhor atingi-lo.

O mesmo apelo deveria recair sobre as jujubas do casal FHC e os passeios de Joaquim Barbosa nas luxuosas galerias parisienses. Mas, claro, sempre que aparece uma dessas os paladinos da privacidade correm para descortinar intimidades mais relevantes.

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