A coligação da campanha presidencial de Marina
Silva inclui PSB, PPS, PRP, PHS e PSL. Os partidos totalizam atualmente 32
deputados federais e quatro senadores. Na falta de pesquisas disponíveis, suponhamos
que dobrem suas representações, atingindo 64 deputados e oito senadores em
outubro. Caso seja eleita, Marina precisaria atrair cerca de 200 votos na
Câmara e 40 no Senado, fora do seu arco original de alianças, para chegar à
maioria legislativa simples.
A polarização da disputa, as diferenças
programáticas e os ressentimentos de todas as partes impedirão que os acordos
contemplem as legendas da atual base governista. Assim, apenas a centro-direita
parlamentar garantiria a governabilidade para Marina: aproximadamente 70% do
apoio total que ela construir na Câmara e 80% no Senado pertenceriam a PSDB,
DEM, PSD, SD, PMN, PEN, PTB, PTC e a quadros do PMDB fisiológico.
O realinhamento das forças antipetistas em torno
de Marina será crucial para sua vitória no segundo turno. Isso exigirá
compromissos na formação do futuro ministério, como ocorre em qualquer disputa eleitoral. Somando as articulações posteriores no Congresso, é provável que também
os principais escalões executivos de um eventual governo da pessebista sejam ocupados
pela atual oposição a Dilma Rousseff.
De acordo com as perspectivas citadas, portanto, a
gestão Marina teria uma identidade política semelhante à do último governo FHC.
Mesmo que a Rede atraia meia dúzia de figuras eleitas pelo PT e outras legendas
da base governista atual, ela servirá de arrimo para uma boa maioria de
oportunistas ávidos pelos benefícios do poder. Algo que o PSB faz nos estados
há tempos.
Essa afinidade conservadora expõe os limites de um
projeto que se fantasia de inovador e alternativo. E explica por que os
interesses historicamente alinhados ao tucanato migraram com tamanha facilidade
para a tal “terceira via”.
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