É uma enorme bobagem creditar a vitória de Dilma
Rousseff a certas regiões do país. O chute não tem base estatística e só serve
para alimentar revanchismos e preconceitos. Qualquer conjunto de três milhões
de votos, mesmo sem afinidades entre eles, pode estar na origem da vantagem final
da petista sobre Aécio Neves.
A maior estupidez da divisão bicolor do mapa
eleitoral é sugerir que a vitória de um candidato desintegra a votação do
adversário no mesmo lugar. Aécio teve oito milhões de votos no Nordeste. Dilma reuniu
cerca de 34 milhões de votos fora dali. Ou seja, 63% do eleitorado da petista
não vivem naquela região.
Mas a simplificação também atende a conveniências partidárias:
jogando a culpa nos outros, o tucanato paulista pode esquecer os 8,5 milhões de
conterrâneos que preferiram Dilma nas terras secas de Geraldo Alckmin. Ela cresceu
2,5 milhões de votos em relação ao primeiro turno, a metade da votação recebida
por Marina Silva no estado.
A dianteira nacional da petista ficou bem próxima
do seu avanço em São Paulo. Considerando que essa guinada ocorreu durante a
descoberta do estelionato hídrico da Sabesp, fica fácil entender por que os
analistas insistem no fantasma nordestino.
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