segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Vitória
















A reeleição de Dilma Rousseff ganha importância histórica das próprias forças que se uniram para impedi-la. O conluio de setores do Judiciário, da mídia corporativa e do mercado financeiro aglutinou tamanhos poderes contra a petista que o resultado das urnas possui algo de consagrador e até de verdadeiramente heroico.

A vantagem apertada não arranha a importância do feito. Num cenário de mínimo equilíbrio institucional não teríamos segundo turno, mas essa hipótese era remota desde o início. Mesmo as oscilações da campanha tiveram sua cota de previsibilidade.

Comentários afoitos e partidários serão veiculados nas próximas semanas. É hora de especulação, de rancor e de vingança. Os analistas da imprensa tucana precisam justificar de alguma forma os salários que pagam suas previsões equivocadas.

A histeria repugnante que borbulha nas redes virtuais tentará transformar o antagonismo eleitoral numa cizânia de classe e de região, com arroubos xenófobos e talvez racistas. A exposição ao ridículo, o isolamento e eventuais medidas jurídicas ajudarão a aplacar os extremistas. Confrontá-los só alimenta sua ilusão de importância.

Não termina aqui, portanto, a tarefa da militância. A ela cabe equalizar a festa merecida com a prudência necessária para manter o clima civilizado da sucessão. Há muito, muito trabalho pela frente, e não convém gastar energia toureando ressentidos.

Restam diversas questões a debater sobre a campanha finda e o próximo governo. Pretendo contribuir com esses temas pontuais, à medida que os dados e as análises ficarem mais claros e sólidos.

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