A reeleição de Dilma Rousseff ganha importância
histórica das próprias forças que se uniram para impedi-la. O conluio de
setores do Judiciário, da mídia corporativa e do mercado financeiro aglutinou tamanhos poderes contra a petista que o resultado das urnas possui algo de
consagrador e até de verdadeiramente heroico.
A vantagem apertada não arranha a importância do
feito. Num cenário de mínimo equilíbrio institucional não teríamos segundo
turno, mas essa hipótese era remota desde o início. Mesmo as oscilações da
campanha tiveram sua cota de previsibilidade.
Comentários afoitos e partidários serão veiculados
nas próximas semanas. É hora de especulação, de rancor e de vingança. Os
analistas da imprensa tucana precisam justificar de alguma forma os salários
que pagam suas previsões equivocadas.
A histeria repugnante que borbulha nas redes
virtuais tentará transformar o antagonismo eleitoral numa cizânia de classe e de
região, com arroubos xenófobos e talvez racistas. A exposição ao ridículo, o
isolamento e eventuais medidas jurídicas ajudarão a aplacar os extremistas. Confrontá-los
só alimenta sua ilusão de importância.
Não termina aqui, portanto, a tarefa da
militância. A ela cabe equalizar a festa merecida com a prudência necessária
para manter o clima civilizado da sucessão. Há muito, muito trabalho pela
frente, e não convém gastar energia toureando ressentidos.
Restam diversas questões a debater sobre a
campanha finda e o próximo governo. Pretendo contribuir com esses temas
pontuais, à medida que os dados e as análises ficarem mais claros e sólidos.
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