O nobre torcedor e a nobre torcedora se lembram do último jogo,
integral ou editado, que reviram na TV? Fanatismos à parte, e independente da
modalidade, aposto que foi uma partida decisiva, ou seja, disputada no sistema
eliminatório. Pontos corridos não produzem confrontos memoráveis.
Mas por que, diante da contínua decadência do
longo, tedioso e previsível Campeonato Brasileiro de futebol, ainda aparece quem defenda
sua fórmula de classificação? A resposta leva ao cerne da natureza nefasta do arranjo
em vigor: nos pontos corridos não existem surpresas desagradáveis. Ali só time
rico tem vez, o que equivale a dizer que só os favoritos da mídia corporativa possuem
chances de sucesso.
Os espertos argumentam que a desigualdade
financeira é um problema à parte, que não afeta a “justiça” do sistema.
Mentira. Pontos corridos e favorecimento econômico formam a mesma estrutura competitiva. São indissociáveis.
A turma do espetáculo voltou a discutir o assunto,
preocupada com a audiência minguante. Mas a fantasia do “bom senso”, como
sabemos, esconde certa malícia. Tudo bem adotar os jogos decisivos em fases
derradeiras dos campeonatos, desde que a sua competitividade seja reduzida até
atingir o mesmo patamar de manipulação que as redes televisivas impõem hoje aos
pontos corridos. Menos datas, menos jogos, menos times.
As mudanças aventadas para os estaduais seguem
essa linha. Em vez de fortalecer os times do interior, equilibrando as disputas,
querem extingui-los primeiro, para depois adotar o único sistema no qual eles
poderiam ganhar alguma coisa. Sem “pequenos” que estraguem a festa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário