Em 1997, Paulo Francis foi processado nos EUA por
diretores da Petrobrás, que ele chamara de “uma grande quadrilha”. Há quem diga
que a pressão resultante agravou a cardiopatia do jornalista, levando-o à morte
pouco depois.
Acontece que o generoso tratamento da Justiça
brasileira à irresponsabilidade acusatória não tem equivalentes internacionais.
Nas cortes estrangeiras, qualificar a Petrobrás de quadrilha ou o PT de
“organização criminosa”, como faz Aécio Neves, exige provas do falastrão. E a
brincadeira sai caro.
De qualquer forma, porém, Francis não conseguiria
reunir material para defender-se nas cortes dos EUA, porque a blindagem dos
governos demo-tucanos envolvia todos os campos institucionais, principalmente o
Judiciário. Um presidente podia ser reeleito graças a parlamentares subornados,
para citar um exemplo notório e incontroverso.
Os comentaristas que hoje bradam “ele já sabia!” preferiram
na época assistir à fritura do colega, em vez de investigar os contratos da
empresa, inquirir fontes, traçar uns cálculos rudimentares. Tiveram o mesmo
comportamento nas privatizações e, depois, durante a vigência da máfia dos cartéis metroviários do PSDB.
Mas a solidariedade póstuma da turma esquece o
principal: se o jornalista estava certo nas suas acusações, os esquemas
corruptos já vigoravam na estatal durante o governo FHC. Esse fato
desqualificaria a propaganda do PT malvado e corroboraria a imagem saneadora da
gestão Dilma Rousseff.
Vemos, portanto, que a memória de Francis é útil
para entendermos o país, dezessete anos depois. E não apenas pelo que insinuava
da Petrobrás e seus contratos.
Um comentário:
Bom dia Guilherme, gostaria de entender o por que? em oito anos de Governo do Lula / PT nunca apurou essas informações do Francis, você tem alguma explicação logica?
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