A saída do ministro Jorge Hage da Controladoria
Geral da União, nesse período turbulento, deveria ter suscitado mais
curiosidade jornalística. Ninguém parece lembrar que a CGU, com o Tribunal de
Contas da União, possui responsabilidade constitucional de fiscalizar os
contratos da Petrobrás.
É implausível que as tretas bilionárias da estatal
tenham passado despercebidas pelas autoridades controladoras. Não se trata de
minúcias técnicas dos contratos, pois as fortunas pagas em propinas aos
diretores precisavam ser embutidas nos preços finais, onerando-os de forma
acintosa.
Tampouco falamos de ladroagens furtivas. Há diversas
vias protocolares para aplicar os acréscimos, desde a simples majoração dos
valores contratados até aditamentos viciosos no decorrer da prestação dos
serviços. Todas essas etapas exigem procedimentos técnicos, formulários e
autorizações. Muito papel precisa ser assinado.
Em algum lugar deve haver pareceres, aditivos e planilhas
traficando os abusos. Se não há, pior ainda, pois assim a disparidade das
contas fica latente. Quem autorizou a sujeira por tanto tempo nos órgãos
fiscalizadores? Onde estão os nomes da pequena multidão de intermediários que
viabilizaram as ilicitudes nos labirintos burocráticos do Poder Público? E as
comissões da Câmara e do Senado?
A credibilidade da Operação Lava Jato depende de
respostas muito claras a essas dúvidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário