quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Apagão redux

 












O racionamento de água em São Paulo só passou a existir na mídia corporativa quando as quedas no fornecimento de energia elétrica abriram uma brecha para que ambos os fenômenos partilhassem o mesmo discurso, compensando-se mutuamente. Mesmo assim, a disparidade no tratamento noticioso a eles ultrapassa as raias do puro cinismo.

“Crise hídrica”, “rodízio” e outras malandragens terminológicas ganham o contraponto federal do “apagão”, cujo sentido é bem mais contundente, embora também equivocado. Para a imprensa tucana, quedas de energia provocadas por picos de consumo refletem problemas sistêmicos, enquanto a falta d’água, num sistema ultrapassado, que chega a desperdiçar um terço da vazão, cai na conta das chuvas.

Acontece que o tucanato ainda guarda muito ressentimento do colapso de energia do final do governo FHC, grande furo na ilusão de competência administrativa do PSDB, que ajudou a eleger Lula. O estado de São Paulo vive momento similar, sob o desgoverno de Geraldo Alckmin. A desesperada invenção de paralelos com o âmbito federal (quando não a simples federalização dos problemas estaduais) mostra que os marqueteiros midiáticos entenderam a dimensão eleitoral da incompetência.

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