O racionamento de água em São Paulo só passou a
existir na mídia corporativa quando as quedas no fornecimento de energia
elétrica abriram uma brecha para que ambos os fenômenos partilhassem o mesmo
discurso, compensando-se mutuamente. Mesmo assim, a disparidade no tratamento noticioso a eles ultrapassa as raias do puro cinismo.
“Crise hídrica”, “rodízio” e outras malandragens
terminológicas ganham o contraponto federal do “apagão”, cujo sentido é bem
mais contundente, embora também equivocado. Para a imprensa tucana, quedas de
energia provocadas por picos de consumo refletem problemas sistêmicos, enquanto
a falta d’água, num sistema ultrapassado, que chega a desperdiçar um terço da
vazão, cai na conta das chuvas.
Acontece que o tucanato ainda guarda muito
ressentimento do colapso de energia do final do governo FHC, grande furo na
ilusão de competência administrativa do PSDB, que ajudou a eleger Lula. O
estado de São Paulo vive momento similar, sob o desgoverno de Geraldo Alckmin.
A desesperada invenção de paralelos com o âmbito federal (quando não a simples federalização
dos problemas estaduais) mostra que os marqueteiros midiáticos entenderam a dimensão eleitoral da incompetência.
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