A imprensa tucana fará semanas de propaganda sobre
a “imensa derrota” do governo federal na eleição da presidência da Câmara. Como sempre, a blogosfera endossará a pauta com previsões catastróficas, inclusive o
impeachment.
Isso tudo apenas enfraquece a imagem política de
Dilma Rousseff, tornando-a ainda mais refém da súcia fisiologista que abraçou
Eduardo Cunha. Pois o objetivo da gangue (e da oposição) não é derrubar a
presidenta, e sim imobilizá-la sob a ameaça do caos, numa sangria permanente
dos recursos federais que inviabilize o projeto petista.
O que o Planalto precisa entender é que o esforço
para manutenção da governabilidade depende da governabilidade resultante. Se as
coalizões vigentes só produzem esse esculacho conservador que barrará todas as
iniciativas progressistas da sociedade, chegou a hora de discutir seriamente a
relação.
O volume de cargos distribuídos para a base aliada
é incompatível com a votação recebida por Arlindo Chinaglia (PT). O governo
absorve centenas de apaniguados obscuros de caciques indiferentes a qualquer plataforma de esquerda, para receber uma cínica traição no primeiro teste de
fidelidade? E o PT aceita ser tratado como coadjuvante no seu próprio terreno?
O momento exige uma reconfiguração urgente no
diálogo político entre Executivo e Legislativo. Não é apenas uma questão de
malícia, mas também de responsabilidade perante os eleitores que endossaram as
gestões de Lula e Dilma. O governo deve usar o poder que ainda lhe resta, se
pretende possuir algum no médio prazo.
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