quinta-feira, 9 de abril de 2015

Entrar no jogo

 










Sei que provoquei arrepios ao sugerir que a esquerda comece a participar das passeatas, explorando suas incoerências e falsidades. É fácil entender a necessidade de quebrar a ilusão maniqueísta entre inimigos e cúmplices da ilicitude, mas bem menos tranquilo aceitar a adesão provocativa como estratégia de confronto.

Acontece que não há alternativas melhores no espaço de luta política em que o golpismo tem avançado. A via do protesto antagônico, na linha esboçada em 13 de março, tem pouca chance de êxito, pois jamais desfrutará do imenso aparato divulgador que a mídia coloca a serviço da direita. E, mais importante, reforça a dicotomia entre bons e maus que norteia o tema no imaginário popular.

Agir no seio da indignação moralista remete ao Cavalo de Tróia da mitologia: fingindo aderir à causa principal (derrubar Dilma Rousseff), os infiltrados usariam a premissa da corrupção para atingir também os inimigos do petismo. O choque resultante provocaria os debates que faltam sobre o tema, quebrando a apropriação do mote legalista pela direita e rasgando a fantasia apartidária dos protestos e da imprensa que os promove.

Não se trata de defender o governo federal, mas de forçar a participação dos progressistas numa instância de cidadania que tem sido interditada a quem ousa desafiar o falso consenso reacionário.

Um comentário:

Marcelo Camargo disse...

Concordo com voce Guilherme aliás não faltam motivos não é ? A lista do HSBC envolvendo jornalistas que se dizem moralistas é só um exemplo ,não pode ser só um protesto de coxinhas! Abraços, Jundiai SP