Sei que provoquei arrepios ao sugerir que a
esquerda comece a participar das passeatas, explorando suas incoerências e
falsidades. É fácil entender a necessidade de quebrar a ilusão maniqueísta
entre inimigos e cúmplices da ilicitude, mas bem menos tranquilo aceitar a
adesão provocativa como estratégia de confronto.
Acontece que não há alternativas melhores no
espaço de luta política em que o golpismo tem avançado. A via do protesto
antagônico, na linha esboçada em 13 de março, tem pouca chance de êxito, pois
jamais desfrutará do imenso aparato divulgador que a mídia coloca a serviço da
direita. E, mais importante, reforça a dicotomia entre bons e maus que norteia
o tema no imaginário popular.
Agir no seio da indignação moralista remete ao
Cavalo de Tróia da mitologia: fingindo aderir à causa principal (derrubar Dilma
Rousseff), os infiltrados usariam a premissa da corrupção para atingir também
os inimigos do petismo. O choque resultante provocaria os debates que faltam
sobre o tema, quebrando a apropriação do mote legalista pela direita e rasgando
a fantasia apartidária dos protestos e da imprensa que os promove.
Não se trata de defender o governo federal, mas de
forçar a participação dos progressistas numa instância de cidadania que tem
sido interditada a quem ousa desafiar o falso consenso reacionário.
Um comentário:
Concordo com voce Guilherme aliás não faltam motivos não é ? A lista do HSBC envolvendo jornalistas que se dizem moralistas é só um exemplo ,não pode ser só um protesto de coxinhas! Abraços, Jundiai SP
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