segunda-feira, 25 de maio de 2009

O óleo de peroba é nosso

Resta pouco a acrescentar sobre o caráter oportunista e hipócrita da onda moralizadora que se abate sobre a Petrobrás. Um tanto contrário à maioria, porém, creio ser positivo jogar doses responsáveis de luz solar sobre os contratos da empresa – e não apenas para coibir a corrupção (que existe), mas principalmente para continuar perseguindo um padrão de qualidade internacional que não comporta certas bananices.
Sabendo que a iniciativa fracassará (pois nasceu apenas para constranger o governo federal, faltando-lhe mínimo respaldo popular ou político), espero que o susto leve a uma reflexão sobre a transparência desejada para as operações da estatal. A estupidez privatizadora, articulada nas catacumbas dos governos PSDB-DEM (PFL) e permanentemente em pauta, não pode servir de escudo para liberalidades obscuras.
Claro, ninguém está realmente interessado em investigar o que seja. Até os ectoplasmas demotucanos sabem que uma gigante como a Petrobrás precisa ocasionalmente driblar os rigores muitas vezes estúpidos da legislação licitatória nacional para poder operar. Isso já é feito para garantir lápis em escolas municipais.
Quando os ranulfos da imprensa paulistana aparecem com “deixem a cultura em paz” ou “peguemos apenas valores maiores que xis”, denunciam justamente os esqueletos que deveriam ser exumados para o bem da vergonha nacional. Porque fora dessas zonas nebulosas praticamente só existem operações complexas, de grande potencial estratégico e, portanto, acentuado apelo midiático. A desproporção custo-benefício se esconde nos meandros enganadoramente singelos de um patrocínio teatral, de uma exposição em Cracóvia, de um seminário sobre cultura tupinambá.
O mais ridículo argumento a favor dessa infame CPI eleitoreira é: “quem não deve não teme” (ah, que triste o fim de Ferreira Gullar!). Engraçado. Isso não serve para o necrosado governo Yeda Crusius (PSDB-RS) ou para as dezenas de escândalos de José Serra, sistematicamente arquivados por sua tratoragem na Assembléia paulista. Os caras-de-pau sabem apelar para interesses estratégicos e conveniências políticas quando se trata de preservar seus fiofós, mas nos outros esse mesmo “pragmatismo” se transforma em ardil maquiavélico para salvar lulinhas e afins.
Com o perdão da metáfora infeliz, todos (governo e oposição) querem perfurar apenas onde sabem o que jorrará: alguns constrangimentos localizados para burocratas impopulares, testas-de-ferro e fornecedores provincianos.

3 comentários:

Unknown disse...

Gostaria de corroborar seu comentário sobre o Ferreira Gullar... Fico me perguntando o que aconteceu com ele... que triste fim mesmo. Até asneiras sobre a plástica da Dilma ele já se deu o trabalho de comentar. Será que ele está sem dinheiro? Poderíamos fazer uma campanha para doações ao poeta, assim ele não precisaria mais ganhar sua vida escrevendo imbecilidades na Folha. Tenho vontade de jogar seus livros no lixo cada vez que leio suas colunas.

Unknown disse...

Pois é, Thiago, essa decadência intelectual (por falta de outra terminologia) precisa de novas análises futuras. Por enquanto, em respeito ao imenso poeta Gullar, simplesmente ignoro (ou tento ignorar) suas paspalhices regulares na Folha de SP.
Abs do
Guilherme

bruzundangas disse...

essa cpi e apenas um circo para a direitona corrupta e a extrema-esquerda que nunca leu Marx aparecerem.