quinta-feira, 9 de junho de 2011

Por que Palocci?


Antonio Palocci caiu por falta de apoio político. Sua nomeação equivocada para um cargo estratégico, a resistência de setores influentes do PT e a inabilidade no trato com a base aliada selaram seu destino desde muito cedo. A disputa pelos cargos nos diversos níveis governamentais, as derrotas do Planalto em votações polêmicas e os preparativos para as eleições municipais de 2012 apressaram o desfecho do imbróglio. O enriquecimento do ex-ministro serviu apenas como o pretexto “republicano” que faltava ao discurso dos adversários.

Se houvesse lídima preocupação ética no debate, o público já saberia que a lista dos misteriosos clientes de Palocci envolve financiadores da própria mídia corporativa e de muitas campanhas eleitorais, inclusive de petistas célebres. A imprensa oposicionista, que num passado recente se chocou diante de certos “dossiês”, elucidaria o vazamento nebuloso dos dados que fundamentaram as acusações. E a curiosidade acerca do crescimento patrimonial alheio provocaria uma febre de estudos comparativos sobre centenas de parlamentares, ministros, governadores e prefeitos.

Por que apenas Palocci deve tais explicações ao eleitorado? A esquerda precisa que a Folha de São Paulo alavanque seus escrúpulos morais? Vamos investigar, companheiros?

É impossível aceitar a idéia de que os fundamentos do Direito não cabem no universo político. Mesmo que a presunção da inocência pareça irrelevante para o caso específico, a rapidez com que ela foi desprezada revela apenas um autoritário pendor para o linchamento e nenhum anseio real de justiça. É o pior exemplo que o STF poderia conseguir às vésperas de julgar os acusados do tal “mensalão”.

Questionar a fragilidade e o oportunismo dos ataques a Palocci não significa defendê-lo. Em vez de refugiar-se nas acusações de patrulhamento ideológico, a blogosfera que ajudou a fritá-lo poderia ao menos evitar o maniqueísmo reducionista dos veículos tradicionais.

2 comentários:

Marola disse...

"Mesmo que a presunção da inocência pareça irrelevante para o caso específico, a rapidez com que ela foi desprezada revela apenas um autoritário pendor para o linchamento e nenhum anseio real de justiça."

Nunca morri de amores pelo Palocci, mas me causa espanto, em vista de linchamentos midiáticos anteriores, a afoiteza com que certos quadros do PT aderiram a essa condenável prática.

Anônimo disse...

O ultra radical de direita do PT ja foi tarde!!