sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Depuração



Aos poucos Dilma Rousseff vai arrumando certas bagunças e conferindo características próprias ao seu governo. Desde já fica previsto que as defenestrações dos quadros mais indigestos do ministério fornecerão à imprensa oposicionista e aos desafetos da própria base um motivo para desqualificar a presidenta assim que alguma ocorrência fortuita arranhar sua popularidade. Se souber resistir às pressões, contudo, em poucos meses ela colherá frutos político-administrativos que sequer Lula almejou.

A excelente nomeação de Celso Amorim para a Defesa também anuncia uma gritaria desestabilizadora dentro e fora dos quartéis. O ridículo (e temerário) Nelson Jobim teve tempo e poderes suficientes para garantir que sua futura demissão causasse o máximo de barulho. É um erro subestimar a força dos lobbies militares.

Com o aval da chefe, Amorim poderia começar a gestão imitando os militares da antiga: batendo o sabre na mesa, distribuindo ordens e negando permissão para falar. Caso precise amansar as tropas, o ministro retiraria da túnica certas idéias reformistas envolvendo o Plano Nacional de Defesa (no mínimo extinguindo o abjeto serviço militar obrigatório), o fortalecimento da Comissão da Verdade e uma revisão da Lei de Anistia com apoio nos organismos internacionais de Direitos Humanos.

Um comentário:

Felipe disse...

Nesse ponto tenho mais esperança no governo da Dilma. Lula apoiava manter o Jobim não porque gostava dele, mas para acalmar a direita estrategicamente. Dilma não abandonará inteiramente estratégias desse tipo, mas certamente não estará disposta a ceder tanto, Lula foi mestre nisso para se perpetuar no poder, mas acho que a Dilma já tem terreno cultivado o suficiente para radicalizar mais, graças a Lula. Celso Amorim na Defesa foi uma ótima decisão.