Publicado no Brasil 247
O exagero em torno da “surpreendente” votação de Aécio Neves amplifica o modesto triunfo de superar Marina Silva, candidata frágil e sem estrutura partidária. Também contribui para ofuscar a vexatória derrota do ex-governador em Minas Gerais.
O exagero em torno da “surpreendente” votação de Aécio Neves amplifica o modesto triunfo de superar Marina Silva, candidata frágil e sem estrutura partidária. Também contribui para ofuscar a vexatória derrota do ex-governador em Minas Gerais.
Repetindo o “furacão Marina”, a grande imprensa
agora constrói um Aécio de mitologia esportiva, lutador incansável e habilidoso
que dribla obstáculos rumo ao pódio. Os discursos da superação e da virada substituem
o da esperança novidadeira que há pouco dominava as referências à pessebista.
Com Aécio, os analistas voltam a supervalorizar a
força da sua candidatura preferida. É o mesmo autoengano que fez de
Marina a salvadora da oposição, dando-lhe um favoritismo ilusório que no final das
contas só a prejudicou.
Os 33% do mineiro foram inesperados apenas sob a
ótica das pesquisas. É o aporte histórico do oposicionismo nos anos petistas,
que oscilou na direção de Marina e retornou a Aécio no embalo das definições
estaduais, particularmente em São Paulo. O cenário atual parece o de 2006, quando Lula venceu José Serra com certa facilidade.
Há um desmesurado respeito pela dianteira paulista
de Aécio. A vantagem de Dilma no Nordeste foi duas vezes maior. A base federal
elegeu governadores em 10 estados, acumulando 15 milhões de votos que podem
migrar dos vencedores para Dilma. O PSDB recebeu o mesmo contingente em São
Paulo e no Paraná, mas só ganhou ali.
A estratégia petista acertou ao favorecer um
segundo turno contra Aécio. Ele não é tão competitivo quanto Marina seria. A
sombra dos anos FHC, o repertório escandaloso dos tucanos e os episódios
constrangedores do próprio candidato fornecem um volume de material negativo
que jamais teria equivalente na ex-senadora. Os vídeos em que Aécio
figura, digamos, confuso, ilustram o tamanho do problema.
A polarização PT x PSDB favorece Dilma. Primeiro graças à comparação entre os governos federais de ambos os partidos. Segundo
porque, neutralizado o cabo-de-guerra da corrupção, os tucanos são associados a
plataformas impopulares (privatizações, desemprego, arrocho) que o eleitor
repudia de forma quase inercial.
O apoio formal de Marina soa irrelevante. Nem
mesmo as poucas centenas de sinceros adeptos da Rede migrarão para Aécio
automaticamente. Boa parte da militância do PSB simpatiza com o lulismo ou
repudia a herança do PSDB. Esse grupo é bem maior do que um terço dos votos que
Marina recebeu, parcela suficiente para eleger Dilma.
Não se trata de amenizar as dificuldades do PT,
mas de impedir que seus militantes incorporem o alarmismo da mídia tucana. Sabíamos
desde o início que a disputa final seria acirrada, e contra esses adversários.
A imprevisibilidade histérica é uma criação propagandística para moldar a
campanha ao perfil de Aécio Neves.
O factoide sedutor da novidade ruiu com Marina e desmoronará também com Aécio. Basta a coordenação petista seguir o
roteiro combativo das eleições passadas. Não há razão para pessimismo. Não,
pelo menos, entre os adeptos de Dilma Rousseff.
2 comentários:
É Verdade. e nossa imprensa já está se"queimando" com esse apoio exagerado em cima do Aecio. a Dilma será reeleita até com uma certa folga.e depois dos ataques do FHC aos Nordestinos,a situação ficará mais comoda pra Dilma!
Bem escrito e lúcido. Bem verdadeiro. Cego é aquele que aceita esta situação esdrúxula da Marina e do hipócrita corrupto do Aécio. Minas Gerais que o diga.
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